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10.03.01
El Ayoun, Youssoufi
Durante uma visita que realizou a El Ayoun por ocasião do
Dia
Internacional da Mulher, o primeiro-ministro marroquino evocou o
projecto de autonomia que Marrocos prepara para o Sahara na tentativa
de responder às exigências da ONU. Precisou que pretende
negociar um estatuto com os «nossos compatriotas de
Tindouf», o que levou Aboubakr Jamai a reagir no Le Journal
hebdomadaire: «Trata-se no fundo de uma
redefinição da nação marroquina que se
desenha sem que a elite política e intelectual do pais se erga
contra esta confiscação de uma das mais
inalienáveis prerrogativas do povo marroquino...».
Solicitado por um grupo de mulheres saharauis que lhe queriam
apresentar os problemas de desemprego e de
marginalização a que estão sujeitas, o
primeiro-ministro Youssoufi recusou qualquer tipo de encontro.
14-16.03.01
El Ayoun, congresso sindical
A Confederação Democrática do Trabalho, central
sindical marroquina próxima da USFP, o partido do primeiro
ministro Youssoufi, realizou o seu 4.º Congresso em El Ayoun,
capital do Sahara Ocidental ocupado. A generalidade das
organizações estrangeiras convidadas, como a CGTP de
Portugal ou as Comisiones Obreras (CC.OO) de Espanha, recusaram
fazer-se representar. Segundo um correspondente no local, o congresso
decorreu sob uma impressionante vigilância policial, tendo sido
descobertas bandeiras da Frente Polisario próximo do local
onde decorreram os trabalhos. O governo colocou à
disposição dos organizadores importantes meios
logísticos, com os participantes a serem transportados em
aviões militares. No discurso que proferiu o
secretário-geral Amaoui criticou com veemência o
deputado à assembleia municipal de El Ayoun, Khalihenna ould
Rachid, e as suas iniciativas em favor de uma autonomia para o Sahara
(ver semana 10).
O significado da realização em El Ayoun deste congresso
foi sublinhado por vários oradores como «testemunho do
apego dos marroquinos à sua unidade e integridade
territorial», com a cidade de El Ayoun a ser qualificada como
"símbolo da unidade nacional".
As afirmações discriminatórias de Amaoui,
qualificando os Saharauis de «guardadores de cabras e de
camelos», provocaram vivas reacções entre os
trabalhadores saharauis presentes, que abandonaram o congresso. Os
protestos amplificaram-se e várias petições
circularam entre os participantes ao congresso, os notáveis e
a sociedade civil saharaui. Esses abaixo assinados recolheram
centenas de assinaturas que denunciavam a provocação e
o desprezo e exigiam pedidos de desculpa por parte de Amaoui e do
governo, representado pelo primeiro-ministro Youssoufi.
(corr., SPS)
14.03.01
Exportação de armas para Marrocos
A comissão parlamentar britânica de inquérito
à autorização de exportação de
armas para Marrocos destinadas ao Sahara Ocidental, publicou o seu
relatório. Nele constata que o governo enganou o Parlamento e
que deveria ter-se recusado a enviar armas para esta zona em
conflito. ( semana 10, press release WSC
UK)
Enquanto isso, a agência noticiosa AVN (Moscovo) anunciava que
Marrocos assinara com a Belarus um contrato para a compra de 48
tanques T-72. A França, por seu lado, no quadro da sua
tradicional cooperação militar com Marrocos, acaba de
autorizar o fornecimento a Marrocos do sofisticado Janus, simulador
ultramoderno para a aprendizagem de tácticas de guerra.
No terreno, segundo informa a SPS, um responsável militar
saharaui declarou que o exército marroquino iniciou há
já algumas semanas preparativos de carácter ofensivo ao
longo do muro de defeso no Sahara Ocidental.
14.03.01
Espanha, geminações
O governo espanhol instou três municípios da
região autónoma de Madrid a anular os acordos de
geminação com povoados saharauis, argumentando que a
Espanha não reconhecia a RASD.
Ao longo dos anos, mais de 250 localidades espanholas firmaram
protocolos de geminação ou acordos de
cooperação com comunidades (daïra) dos campos de
refugiados saharauis.
O Intergrupo do Parlamento europeu "Paz para o Povo Saharaui" reagiu
com veemência a esta atitude do governo espanhol e exprimiu a
sua indignação numa declaração enviada
aos media espanhóis. Apelou às cidades geminadas
doutros países a manifestarem o seu protesto junto do governo
espanhol.
Uma deputada interpelou o ministro do Interior nas Cortes espanholas,
e a Liga espanhola Pro Derechos Humanos protestou em comunicado
divulgado à Comunicação Social.
A Plataforma Pro Referendum Libre en el Sahara Occidental e a
Asociacion Amigos del Pueblo Saharaui de Madrid convocaram uma
manifestação para Sábado 17 de Março,
reclamando a demissão do responsável pela
decisão.
Enquanto isso, por ocasião de uma estadia nos acampamentos,
presidentes de sete autarquias da província de Granada tornam
pública a ratificação das
geminações que os seus municípios realizaram com
as comunidades saharauis: Tichla com Iznalloz, Zoug com Maracena, La
Guera com Guadix, Chederia com Salar, Bir Lehlou com Benalua de la
Villas, Gleibat el Foula com Guadahortuna e Mahbès com
Villanueva.
14.03.01
Marrocos, direitos humanos
Famílias dos desaparecidos e vítimas de desaparecimento
forçado decidiram convocar uma greve de fome nos dias 23 e 24
de Março (sexta-feira e sábado) na sede da O.A.D.P em
Casablanca. As suas principais reivindicações &emdash;
a libertação dos detidos ainda com vida e a
restituição dos corpos dos mortos às suas
famílias &emdash; não foram ainda atendidas pelas
autoridades.
15.03.01
Territórios ocupados, minas
Um homem encontrou a morte e dois outros ficaram gravemente feridos
quando a sua viatura fez rebentar uma mina perto de "Erbeib Bellaw"
nas cercanias de Smara. Estas pessoas viviam como nómadas
não longe do muro de defesa numa zona que havia sido declarada
segura pelas autoridades marroquinas. (SPS)
15.03.01
Greve da fome
Salek Mahmoud Bahaha, cidadão saharaui que desde o fim de
Setembro de 2000 cumpre uma pena de quatro anos de prisão em
Marraqueche, acusado de atentado contra a segurança do Estado
por ter procurado juntar-se à Frente Polisario, (semana
40 e semana 41) iniciou há uma semana uma greve da
fome por tempo ilimitado. Com esta atitude protesta contra as
condições de detenção a que está
sujeito, pede a revisão do seu processo por vício de
forma e o seu retorno à prisão de Inzegan, onde
estão encacerados os seus três compatriotas Najem
Laghzal, Khaya Cheikh e El-Arbi Messaoud, condenados igualmente a 4
anos de prisão. Segundo a SPS o seu estado de saúde
é precário. Bahaha havia já efectuado uma greve
da fome em Novembro passado. (semana 46)
INTERNET
EM BREVE
NOVAS PUBLICAÇÕES
[É possível que
existam links com diversos jornais que deixem de estar em
funcionamento ao fim de alguns dias]
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