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Rallye Paris-Dakar
07.01.01
Ruptura do cessar-fogo
A caravana atravessa por volta do meio-dia a fronteira
marroquino-saharaui e chega a Smara no princípio da tarde sob
forte protecção do exército marroquino. Segundo
a BBC , observadores internacionais no sul da Argélia
confirmaram importantes movimentações de pessoas dos
acampamentos de refugiados em direcção à
frente.
De El Ayoun, um correspondente assinala um reforço
maciço do dispositivo de segurança, então
já impressionante, formado por patrulhas da polícia, e
soldados armados nas ruas.
Nos acampamentos de refugiados circulam rumores de um ataque do
exército de libertação nacional ao dispositivo
militar marroquino. Outros rumores dão conta de uma eventual
negociação em que estariam envolvidos a ONU, os
organizadores do rallye e as duas partes implicadas, a Frente
Polisario e Marrocos. Várias informações
coincidentes revelam a existência de reuniões entre as
autoridades saharauis e militares argelinos. O general Mohamed
Lamari, chefe do Estado Maior do Exército argelino,
terá pessoalmente participado nessas
conversações. Entre os diplomatas ocidentais
acreditados em Argel, fazem-se conjecturas sobre eventuais
divergências entre responsáveis argelinos, civis e
militares, sobre a oportunidade de romper a trégua instaurada
em 1991, o que explicaria as hesitações saharauis.
(La Liberté,
08.01.01, Le Matin, 08.01.01, El Pais, 10.01.01)
Em Barcelona cerca de 500 pessoas manifestam-se contra a passagem do
rallye Paris-Dakar através do Sahara Ocidental e a favor da
realização do referendo de
autodeterminação.
Suspensão das actividades
militares
No fim do dia o ministério da Informação
saharaui anuncia num comunicado lacónico que "face aos apelos
da Presidência da OUA, de países amigos como a
Argélia, assim como dos EUA, a Frente POLISARIO decidiu
suspender a aplicação de sua decisão tomada a 22
de Dezembro de 2000 no que respeita ao recomeço das suas
actividades militares."
Decepção
"A consternação é total entre os saharauis.
Tanto entre os civis dos campos de refugiados, que haviam
começado a recuperar a esperança, como entre os
combatentes que esperavam cada instante com impaciência...
Hoje, e enquanto for impedido de retomar o seu combate armado, a
Frente Polisario apresenta-se como um movimento vergado,
desacreditado... Ontem de manhã, após duas longas
jornadas de espera febril e também de alegria, os combatentes
que esperavam em Tifariti, debaixo de terra, juntar-se ao teatro de
operações, tinham os olhos rasos de água. Jovens
e velhos tinham-se preparado como leões, transbordando de um
entusiasmo extraordinário e numa fraternidade de luta que
prometia ser intensa." (El
Watan, 09.01.01)
"Muitos estudantes e comerciantes saharauis estabelecidos no Magrebe
ou na Europa chegaram aos acampamentos de refugiados de Tindouf
trazendo a sua ajuda humana e financeira à Frente Polisario...
A decisão dos dirigentes da Frente Polisario foi muito mal
aceite pela população saharaui, em particular pelas
forças armadas e pelos jovens... Todos os nossos
interlocutores, após o anúncio do congelamento das
operações militares, mostraram-nos a sua
oposição através de um silêncio pesado,
acompanhado em alguns por tiques nervosos ou por lágrimas."
(La Liberté,
09.01.01)
08.01.01
Estado de guerra
O ministro dos Negócios Estrangeiros saharaui, Mohamed Salem
ould Salek, precisa que "a decisão da Frente Polisario de
suspender o recomeço das actividades militares não
é limitado no tempo, (mas) mas isso não quer dizer que
essas actividades não sejam retomadas a 10, a 15 ou numa
qualquer outra data... Consideramo-nos em estado de guerra",
esclarece perante os jornalistas presentes nos territórios
libertados da RASD, acrescentando que "em nenhum caso,
negociámos ou sofremos a pressão de quem quer que seja
para tomar a decisão de adiar para uma outra data o ataque
contra as FAR." (Le Jeune
Indépendant, 10.01.01)
Segundo a agência noticiosa saharaui SPS (09.01.01), a Frente
Polisario deverá ter recebido boas garantias de que o plano de
paz, bloqueado por Marrocos, seguiria em frente, com a
calendarização precisa para a organização
sem demora do referendo. O que explicaria a sua decisão tomada
no último minuto de suspender as actividades militares. No
mesmo sentido se pronuncia o delegado da Frente Polisario em
Valência que afirma que os Estados Unidos, a Argélia e a
OUA empenharam-se em relançar o processo de paz.
(Las Provincias,
09.01.01)
11.01.01
Carta explicativa
O Comité de Relações Exteriores da Frente
Polisario publica uma carta explicativa, na qual retoma em detalhe os
argumentos relacionados com sua tomada de decisões dos dias 22
de Dezembro de 2000 e 7 de janeiro de 2001.(em francês o inglês)
08.01.01
África do Sul
Em discurso pronunciado por ocasião do 89.º
aniversário do Congresso Nacional Africano (ANC), o presidente
da África do Sul, Thabo Mbeki, exigiu uma
solução rápida para o conflito do Sahara
Ocidental, a fim de que nenhum povo de África seja privado do
seu direito à autodeterminação.
08.01.01
Baleares
"Ni un día más" (Nem mais um dia), é a palavra
de ordem da campanha pelo referendo de autodeterminação
lançada pela Associação dos Amigos do Povo
Saharaui das Baleares, com manifestações semanais em
diferentes cidades, cadeias humanas, petições e
campanhas de envio de postais aos governos regionais e ao governo do
Estado espanhol, à Comunidade Europeia e à ONU.
07-09.01.01
Gana
Malaïnine Sadik, embaixador da RASD na Argélia, na
qualidade de enviado especial do presidente Mohamed Abdelaziz, tomou
parte nas cerimónias de tomada de posse do novo presidente
ganês, John Agyekum Kufuor. O diplomata saharaui foi recebido
em audiência pelo presidente do Gana, a quem entregou uma
mensagem do presidente da RASD, onde eram abordadas as
relações bilaterais RASD-Gana e os últimos
desenvolvimentos da região do noroeste africano, em particular
a actual situação do plano de paz ONU-OUA. Por seu
lado, o chefe de Estado ganês transmitiu ao enviado especial
saharaui uma mensagem de agradecimento ao presidente Mohamed
Abdelaziz e de simpatia ao povo e ao governo saharauis.
10.01.01
Eslovénia
A Associação dos Amigos do povo saharaui da
Eslovénia dirigiu uma carta a todos os deputados, ao governo e
ao presidente da República, lembrando-lhes a necessidade de
apoiarem a organização do referendo.
10.01.01
Irlanda
O primeiro-ministro da Irlanda, país que desde o início
de 2001 e durante dois anos ocupará um dos lugares do Conselho
de Segurança, deslocou-se em visita oficial a Marrocos. Entre
os assuntos discutidos figurava a solução do conflito
do Sahara Ocidental. Bertie Ahern precisou, sobre o assunto, que a
sua preferência ia para o referendo das Nações
Unidas. (Irish
Times)
EM BREVE
27 Fevereiro de 2001: MARATONA DO SAHARA
INTERNET
NOVAS PUBLICAÇÕES
[É possível que
existam links com diversos jornais que deixem de estar em
funcionamento ao fim de alguns dias]
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