GEOGRAFIA

O Sahara Ocidental compreende duas regiões, o Saguia El Hamra, a norte, e o Ued el Dahab (Rio de Ouro), no sul. Estende-se por uma superfície de 266 000 km2, entre os pararelos 20.º e 30.º, sendo atravessado pelo trópico de Câncer. Tem fronteiras com Marrocos, a norte, com a Argélia, a este, com a Mauritânia, a este e a sul. A oeste, é banhado pelo Oceano Atlântico.
Tal como na maioria dos estados africanos, as suas fronteiras são o resultado dos acordos firmados entre as potências coloniais, em particular no final do século passado, ciosas de preservar os seus interesses na região. As fronteiras actuais foram definidas pelos acordos estabelecidos entre a França e a Espanha, em 1900, 1904 e 1912.

O relevo do território é constituído na sua maior parte por planícies e alguns poucos planaltos que raramente atingem os 400 metros de altitude. Em traços gerais é possível dividir o Sahara Ocidental em três zonas com características diferentes:

  1. A parte norte-este, desde as cadeias do Atlas até às colinas de Zemmur, formada por um deserto rochoso (hamada) com montanhas que se erguem abruptamente, sendo pois uma zona de relevo acidentado. Aí, a água é um bem escasso. Existem apenas alguns poços de água potável, o que torna as condições de vida particularmente difíceis.
  2. A segunda zona é a dos rios. Situa-se entre o ued Draa, no norte, e o ued Jat, a oeste. Estes ueds (rios) mais não são que depressões que se enchem de água a quando do tempo da curta estação das chuvas, que coincide normalmente com os meses de Outono. São águas que, em regra, desaparecem muito rapidamente, seja por evaporação devido às altas temperaturas registadas, seja por infiltração nos solos, e que raramente chegam a atingir a costa atlântica para se juntar ao mar. É nesta região de ueds que corre o Saguia el Hamra (o canal vermelho), rio que pela sua importância dá o nome a toda esta vasta área. Nas suas margens e no leito arenoso cresce uma vegetação em quantidade suficiente para a alimentação do gado.
  3. A terceira zona é que se estende pelo centro e interior do território, o Rio de Ouro. Constituem-na planícies, raros «ergs» e dunas de areia. O solo é demasiadamente permeável para reter as águas das chuvas outonais e demasiado plano para permitir a sua concentração. A água acumula-se pois no sub-solos e nessa área podem encontrar-se inúmeros poços.

A paisagem é algo semelhante tanto no interior como no litoral, monotonia que é interrompida pelas penínsulas, quase ilhas, de Dakhla (ex-Villa Cisneros) e Guera. O clima é de tipo continental, árido no interior com Invernos muito frios e secos e Verões extremamente quentes (a temperatura chega a atingir 60º Celsius à sombra) e húmidos junto à costa, onde se formam com frequência brumas, nevoeiros e orvalhos. As chuvas são raras quer junto ao litoral como no interior. Dakhla, por exemplo, recebe, em média, apenas 45 mm de chuva por ano. A humidade que se faz sentir junto à costa leva a que a flora do litoral seja abundante e variada. No interior, pode encontrar-se a flora característica da estepe e do deserto: acácias ao longo dos ueds e os tufos de arbustros nas depressões arenosas. Imensas áreas são desprovidas de qualquer tipo de vegetação e água. Mas, no entanto, o subsolo do Sahara Ocidental abriga uma das maiores superfícies de água doce existente no continente africano.
No sul, a fauna é escassa, enquanto que no sudoeste do território é constituída por antílopes, raposas do deserto, lebres.


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