SAHARA OCIDENTAL

ACTUALIDADES SEMANAIS

SEMANA 50

12.-18.12. 1999

10.12.99
Itlia
71 parlamentares, representantes de seis partidos na Câmara de Deputados e no Senado, dirigiram uma carta a Kofi Annan e ao Conselho de Segurança. Pedem que um novo atraso na realização do referendo não tenha lugar em virtude do número de recursos interpostos.

11.12.99
Múrcia
A plataforma de apoio ao referendo obteve j a adesão de mais de um centena de pessoas que desejam participar como observadores no referendo do Sahara Ocidental. A Plataforma fixou como objectivo o recrutamento de 200 observadores.

11.12.99
Marrocos-desaparecimentos
Tan-Tan, no sul da província marroquina de Tarfaya, foi palco de uma marcha e de uma concentração diante da administração local, como protesto contra os desaparecimentos (ver
semana 49) que ocorreram tanto em Tan-Tan como em El Ayoun (ministério saharaui dos Territórios Ocupados). As últimas informações obtidas referem a presença dos «desaparecidos» Cheikh Khaya, Brahim Najem Laghzal e Larbi Saïd, no dia14.12.99, na prisão de Inezgane, situada próximo de Agadir.

12.12.99
Lesotho-RASD
O ministro dos Negócios Estrangeiros do Lesotho, Mostohae Thomas Tabane, foi recebido na wilaya de Smara pelo seu homólogo saharaui, pelo wali e por outras personalidades saharauis. O ministro africano reafirmou o apoio do seu país à causa do povo saharaui e ao seu direito à independência. Em seguida aquele político foi recebido pelo Presidente saharaui, Mohamed Abdelaziz (
SPS).

14.12.99
França
A AFASPA (Associação dos Familiares dos Presos e Desaparecidos Saharauis) interveio junto do primeiro-ministro, do ministro dos Negócios estrangeiros franceses, e do embaixador de Marrocos em França solicitando o seu empenhamento na libertação imediata das pessoas detidas no dia 6 de Dezembro em Tan-Tan, El Ayoun e Agadir. A organização de defesa dos direitos humanos Nizkor Espanha lançou uma iniciativa urgente no mesmo sentido.

14.12.99
Panam
O embaixador da RASD transmitiu as felicitações do Presidente da RASD ao governo do Panam por ocasião das festividades que marcaram a transferência de soberania do Canal do Panam dos EUA para a República panamiana. A delegação saharaui manteve vrios contactos com delegações governamentais presentes, em particular com as do México, Espanha, Guatemala, Honduras, Costa Rica, Holanda e República Dominicana.

14.12.99
Resolução do Conselho de Segurança S/RES/1282 (1999)
Seguindo as recomendações do último relatório do secretrio-geral, o Conselho de Segurança decidiu prolongar o mandato da MINURSO até 29 de Fevereiro de 2000. O Conselho exprimiu a sua inquietação quanto ao possível adiamento do referendo (para 2002, ou mesmo depois), que atribuiu tanto ao grande número de recursos apresentados como às divergências de ponto de vista entre as partes quanto à anlise dos mesmos; mas recomendou a Kofi Annan que prosseguisse as negociações com vista à obtenção de um acordo.
As propostas apresentadas pela Namíbia foram apenas parcialmente aceites. O representante daquele país africano no Conselho de Segurança havia apresentado duas emendas ao projecto de resolução, solicitando que o Conselho exprimisse a sua preocupação face ao risco de adiamento do referendo até 2002, em virtude do grande número de recursos apresentado, e que encarregasse o SG de procurar uma solução aplicando os protocolos sobre recursos, a fim de permitir a realização do referendo num prazo razovel.
Martin Andjaba (Namíbia), que se absteve na votação final, lamentou que o Conselho não tivesse sequer lembrado e invocado a sua resolução anterior (S/RES/1263, pargr. 1), onde se afirmava que a operação de recurso «não devia transformar-se numa segunda identificação».

15.-16.12.99
Primeiras reacções
Ahmed Boukhari, representante da Frente Polisario junto das Nações Unidas, em carta dirigida ao Presidente do Conselho de Segurança, sublinha que esta resolução cria sérios problemas, dado que enfatiza a inquietação e não reflecte a actual situação do Plano de Paz, dado que, na sua opinião, o problema crucial reside no elevado número de recursos interpostos pela parte marroquina. O representante da F. Polisario afirma que esta resolução não contribui em nada para reforçar a confiança de população saharaui na ONU, encarregada de organizar um referendo, livre, justo e imparcial. (
aps)

A Coordenação europeia de apoio ao povo saharaui, em carta dirigida ao vice-primeiro-ministro e ministro dos Negócios Estrangeiros belga, sublinha que a argumentação da ONU cede perante as exigências da parte marroquina, baseando-se sobretudo nas divergências entre as partes em conflito, esquecendo os acordos de Houston e as directivas operacionais da aplicação dos procedimentos de recurso, S/1999/483 Add.1, firmadas e aceites por ambas as partes. A Coordenação faz votos de que Bélgica, que encorajou na ONU na sua missão no Sahara Ocidental e que tem neste momento um seu general no comando dos capacetes azuis da MINURSO, aja activamente em concertação com a União Europeia, a fim de que uma solução justa e duradoira seja encontrada para este último caso de descolonização no continente africano.

O intergrupo do Parlamento europeu «Paz para o Povo saharaui», reunido em Estrasburgo, na presença de Mohamed Sidati, ministro Conselheiro junto da Presidência da RASD, «deplorou as manobras marroquinas que visam retardar, ou mesmo impedir a realização» do referendo. Os deputados membros do Intergrupo são de opinião que «manifestamente, Marrocos procura manietar as Nações Unidas, como o atesta o recente relatório do secretrio-geral da ONU». O Intergrupo insiste na «necessidade de a ONU fazer prova de firmeza e de resolução no tratamento do dossier do Sahara Ocidental".
Karin Scheele, deputada europeia, relatou a sua recente visita aos acampamentos de refugiados saharauis e às zonas libertadas do Sahara Ocidental. A deputada afirmou ter encontrado «um povo consciente dos seus direitos, defensor da liberdade, na expectativa ansiosa de se poder exprimir sobre o seu próprio destino» e visto uma «sociedade saharaui aberta e em plena evolução, onde a mulher ocupa um papel importante, o que interpela os nossos valores de solidariedade e de liberdade». Karin Scheele acrescentou que «se novas alterações tiveram lugar em Marrocos, isso não é suficiente enquanto o novo monarca não respeitar o direito à autodeterminação e os direitos do homem no Sahara Ocidental." (
comunicado da representação da Frente Polisario para o Benelux e a União Europeia)

Em Marrocos
«Marrocos, que continua a defender o plano de resolução, inquieta-se perante todos os atrasos que conhece o processo referendrio e cujos principais responsveis estão claramente identificados pelas Nações Unidas», afirmou Mohamed Benaissa, ministro dos Negócios Estrangeiros e da Cooperação marroquino. Em declarações à Imprensa produzidas após a reunião em Nova Iorque com o SG das Nações Unidas, Kofi Annan, o chefe da diplomacia marroquina, que era acompanhado por Ahmed Midaoui, ministro do Interior, Ahmed Snoussi, representante permanente de Marrocos junto da ONU, e Mohamed Loulichki, embaixador encarregado da coordenação com a MINURSO, lembrou «o direito inalienvel de todos os candidatos de origem saharaui poderem exercer o seu direito à identificação e, eventualmente, ao recurso, como o reconhecem as resoluções pertinentes do Conselho de Segurança». O ministro transmitiu ao SG da ONU as saudações e os sentimentos de estima de SM o rei e agradeceu, em nome do seu soberano, os esforços desenvolvidos na aplicação do plano de resolução da questão do Sahara. (
MAP 16.12.99).
Al-Ittihad al-Ichtiraki (USFP) 15.12.99: Ponto da situação do referendo no Sahara marroquino: A batalha da informação e da diplomacia (Younes Mjahid) ... Uma grande batalha espera Marrocos, no momento em que certas partes hostis tentam intervir em apoio dos separatistas: a Espanha, por exemplo, movimenta-se nos corredores do Conselho de Segurança contra o direito de Marrocos, em represlias contra a não renovação do acordo de pescas... O conflito sobre a questão da identificação dos votantes é um conflito sobre o cerne da questão... A publicação das listas provisórias ser a ocasião de um batalha mortífera, para a qual Marrocos deve preparar-se.
L
e Matin du Sahara, 16.12.99: Marrocos inquieta-se perante os atrasos do processo referendrio.
Al-Bayane (P.P.S) 16.12.99: Um trimestre a mais para a MINURSO: Rabat toca o sinal de alarma. .. Não h que ser pessimista enquanto a ONU gerir a questão conforme os princípios e critérios aprovados... (A. Bidaoui).
Al-Bayane (P.P.S) 16.12.99: Editorial. Inquietação legítima. A evolução do dossier sahariano apresenta-se, cada vez mais, como um processo interminvel... Em todo o caso, quando mais o processo se arrasta, mais Marrocos, bem instalado no seu território, vem demonstrar que não est disposto a enveredar pela negociata. O desenvolvimento das províncias recuperadas não pra de se reforçar em novas bases. Possa ou não a mquina referendria pôr-se em movimento, a posição do Reino continua e continuar a mais confortvel. (Allal El Maleh). (revista da imprensa da Embaixada de França em Marrocos)

15.12.99
Marrocos-Desaparecimentos
Os dirios marroquinos Bayane al-Youm e Al-Ahdath al-Maghribia relatam as «detenções» e os desaparecimentos de cidadãos em El Ayoun e Tan-Tan solicitam informações às autoridades.

16.12.99
RASD - Timor Oriental
Mohamed Sidati encontrou-se em Estrasburgo com Xanana Gusmão, presidente do Conselho Nacional da Resistência Timorense (CNRT), que recebeu o "Prémio Sakharov dos Direitos do Homem " atribuído pelo Parlamento Europeu. O líder timorense exprimiu a sua total solidariedade com a luta do povo saharaui pela autodeterminação e independência. Xanana aceitou o convite de visitar a RASD. (c
omunicado da representação da Frente Polisario para o Benelux e a UE)

SOLIDARITE

Espanha, campanha "Que el Shara no sea un nuevo Timor"
10.-12.12.99 Oviedo, Astúrias: A Associação dos Amigos do Povo Saharaui das Astúrias organizou um retiro de três dias, para denunciar a vaga de repressão no Sahara Ocidental.

10.12.99 França, Limoges
Mais de 200 pessoas assistiram a uma conferência-debate, organizado pelo Comité de Solidariedade com o Povo Saharaui, da região de Limoges. Mohamed Sidati, ministro Conselheiro junto da Presidência da RASD, expôs a actual situação, J.-M. Lavieille, especialista em direito internacional, e a senhora Liliane Dayot, autora do livro "Marrocos. Amnésia Internacional" fizeram um histórico sobre a questão do Sahara Ocidental e uma anlise da nova situação que conhece Marrocos.

NOVAS PUBLICAÇÕES

[É possível que existam links com diversos jornais que deixem de estar em funcionamento ao fim de alguns dias]


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