ACTUALIDADES SEMANAIS

 

SEMANA 12

17.-23.03. 1997

 

 

17.03.97
«Avaria no motor»
Em entrevista à TV italiana RAI 1 o rei Hassan II, ao abordar o tema do plano de paz para o Sahara Ocidental, afirmou que o «motor tem uma avaria» e que o antigo secretário-geral da ONU (Butros Butros Ghali) «não foi um bom mecânico». Declarou esperar que o novo secretário-geral se revele «melhor».

17.03.97
A missão Baker
James Baker, antigo secretário de Estado norte-americano, é nomeado enviado pessoal do secretário-geral da ONU para o Sahara Ocidental. Num comunicado difundido pelo seu secretariado de Houstoun, Texas, Baker anunciou a intenção de visitar a região em Abril «para contactos iniciais com as partes envolvidas». Refere que «examinará com as partes todas as opções viáveis». Entre estas opções, acrescentou, «incluem-se a aplicação do plano actual, caso seja possível, mas também novas iniciativas que possam permitir ultrapassar o actual impasse».
Os termos de referência da sua missão são os seguintes:
1. Reexaminar, em consulta com as partes, a situação a fim de avaliar a aplicabilidade do plano de resolução na sua forma actual.
2. Examinar a possibilidade de introduzir «alterações» ao plano, aceites pelas partes, que possam fazer aumentar as hipóteses de aplicação rápida «de maneira significativa».
3. Caso não se antevejam possibilidades de alterar o plano, sugerir «outros meios possíveis» que possam conduzir à resolução do conflito.
James Baker, de 66 anos de idade, dirigiu a diplomacia norte-americana entre 1989 e 1992, durante a presidência de George Bush. Teve um papel determinante durante a guerra do Golfo e no conflito israelo-palestino. Entre 1985 e 1989, foi secretário de Estado do Tesouro durante a era Reagan. Desempenhou várias actividades comerciais de domínio privado e preside actualmente um instituto de estudos de política internacional em Houston, no Texas.

17.03.97
Carta de Bachir M. Sayed a James Baker
«Quero-vos manifestar a mais firme vontade da Polisario em cooperar, de maneira sincera e transparente, com os seus esforços com vista a fazer sair o plano de paz do impasse prolongado em que se encontra e a transformar o frágil cessar-fogo entre os exércitos saharaui e marroquino numa paz justa e duradoura.
Ninguém melhor do que V. Excelência conhece as causas históricas deste conflito doloroso e os princípios e valores em causa, não apenas para um povo inocente, mas também para a paz e a estabilidade desta região tão sensível. O seu enorme prestígio, credibilidade e integridade moral são elementos de esperança e de optimismo para o povo saharaui, tal como o foram bem recentemente para o Kuweit, um outro território que, tal como o Sahara Ocidental, tinha um poderoso país «irmão» na sua fronteira setentrional».

18.03.97
Apoio dos EUA
O departamento de Estado dos Estados Unidos concederá o seu pleno apoio à missão Baker, qualificada pelo porta-voz do departamento como «extremamente difícil».

19.03.97
Conselho de Segurança
No seguimento de consultas oficiosas sobre a situação prevalecente no Sahara Ocidental, o embaixador Wilosowicz (Polónia), que preside ao Conselho de Segurança da ONU, fez, em nome dos países membros, a seguinte declaração:
O Conselho de Segurança lamenta a falta de progressos na aplicação do plano de resolução. É de opinião ser essencial a manutenção do cessar-fogo e que progressos efectivos sejam feitos. Considera que a presença da MINURSO ajudou as partes de maneira decisiva a continuar a respeitar o cessar-fogo. Aguarda com interesse que o secretário-geral lhe dê a conhecer a sua posição sobre os objectivos e a configuração futura da MINURSO. Apoio energicamente os esforços do secretário-geral e felicita-se pela sua nomeação de um enviado pessoal na região, com quem exorta as partes a cooperar.

19.03.97
Reacções marroquinas
A imprensa marroquina é unânime. Marrocos não fará nenhuma concessão e não aceitará outra solução que não a prevista no plano de paz. Receia que Baker venha a explorar outras fórmulas, como sejam as negociações directas ou uma conferência internacional, que possam, em sua opinião, provocar uma internacionalização de um conflito que Marrocos considera como uma assunto interno.

20.03.97
Declaração saharaui
Em declaração à agência espanhola EFE, M'Hamed Khaddad, responsável saharaui pelas relações com a MINURSO, reiterou a disposição da Frente Polisario de cooperar com James Baker, «ainda que a única solução do problema passe pela autodeterminação do povo saharaui». «O cessar-fogo representa apenas uma trégua unilateral declarada pela Frente Polisario» - acrescentou. «Faz parte de um plano global de solução política, de que é indissociável, não podendo ser mantido indefinidamente sem a perspectiva de uma tal solução. Não aceitaremos a repetição do caso de Chipre no Magrebe».

10.03.97-18.04.97
Comissão dos Direitos do Homem da ONU, 53.ª sessão (Genebra)
Intervenções durante a discussão do ponto 7 da ordem do dia (o direito dos povos a dispôr de si mesmos). As ONG France-Libertés (Fundação Danielle Mitterrand), Pax Christi Internacional e CETIM (Centro Europa-Terceiro Mundo) intervêm para denunciar a falta de progressos na aplicação do plano de paz e para solicitar que a ONU promova o reatamento das conversações directas entre as partes. O CETIM propõe uma «colaboração entre Estados e ONG marroquinas, saharauis e internacionais a fim de atenuar a crispação existente e servir de mediadores entre Marrocos e a Frente Polisario». O representante argelino instou a que «as partes se empenhem na resolução do conflito e que pela negociação directa (...) tornem possível a preparação do referendo de autodeterminação e a fixação de garantias pós-referendárias».

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