SAHARA OCIDENTAL

ACTUALIDADES SEMANAIS 2004

original:frances

SEMANAS 15 - 16

04.04. - 17.04.04

 

RASD

10-11.04.04
Agricultura
Teve lugar na wilaya de Dakhla uma conferência nacional sobre agricultura sahariana, a que presidiu o ministro do Desenvolvimento, Larabas Joumani, e que contou com a presença de representantes de outras wilayas, engenheiros agrónomos saharauis e peritos estrangeiros. Um dos engenheiros participantes no projecto "jardim de Dakhla " declarou: "a penúria de água, a salinidade das terras, os ventos fortes e o calor foram muitos dos factores dissuasores que os saharauis tiveram que vencer no desertos para poderem cultivar legumes". Com a realização da conferência pretendeu-se aprofundar as diferentes experiências neste campo e aproveitar a experiência e a sabedoria de outras nações no sentido de dotar as quatro wilayas dos acampamentos de refugiados de uma área cultivável adequada, a fim de ser garantida a autosuficiência em matéria de leguminosas. (SPS)

13.04.04
Brasil
Cerca de duas dezenas de deputados brasileiros anunciaram a criação de um grupo de solidariedade com o povo saharaui no preciso momento em que o ministro de Negócios Estrangeiros marroquino, Mohamed Benaissa, efectuava uma visita ao Parlamento brasileiro. María José Maninha, deputada do Partido dos Trabalhadores (actualmente no poder), e presidente da Confederação Parlamentar das Américas (COPA), sublinhou que os deputados que integram o grupo "querem promover debates e actividades para que os brasileiros compreendam que é importante que este povo obtenha a sua independência". (AFP)

14.04.04
Visita de uma delegação australiana
Deputados, juristas, professores, sindicalistas, investigadores, artistas e representantes da Associação australiana de Apoio ao Povo Saharaui (AWSA), visitaram os acampamentos de refugiados e deslocaram-se aos territórios libertados da RASD, onde organizaram uma pequena manifestação diante do muro da vergonha, que divide o território saharaui desde a década de 80. Durante uma recepção em sua honra, Mohamed Abdelaziz, presidente da RASD e secretário-geral da Frente POLISARIO, apelou à ONU para que pressione Marrocos no sentido de, finalmente, poder ser organizado um referendo no Sahara Ocidental. Afirmou que "a direcção política saharaui se encontra debaixo de uma pressão permanente por parte da população do Sahara Ocidental devido à decepção causada pela ONU e pela sua tolerância face a Rabat". O presidente da República renovou, apesar de tudo, a disponibilidade da Frente Polisario para continuar a cooperar com a ONU, insistindo porém que o seu país não pode ir mais longe em matéria de concessões. Mohamed Abdelaziz finalizou a sua intervenção com um apelo: "as potências democráticas, incluindo a Austrália, têm que esforçar-se mais e pressionar de forma efectiva para obrigarem Marrocos a respeitar a legalidade internacional. Está em jogo a credibilidade das instituições internacionais, afirmou (...)". (SPS)

15.04.04
Desmentido
O ministro da Informação saharaui desmentiu formalmente qualquer tipo de relação da Frente Polisario com uma pessoa implicada e condenada na Mauritânia por roubo de explosivos. A acusação proveio da agência noticiosa oficial marroquina, MAP, que, uma vez mais, se prestou a uma operação de desinformação e difamação.(SPS)

15.04.04
Animação cultural para a juventude
Foi inaugurado o primeiro fórum sobre animação sociocultural para a infância e a juventude saharauis em Chahid El Hafedh, que contou com a presença do secretário-geral da União da Juventude Saharaui (UJSARIO), Mohamed Mouloud, e de parceiros especializados oriundos da Argélia, EUA, Suíça, Espanha, França e Bélgica.
O fórum pretendeu valorizar a troca de experiências e permitir aos diversos parceiros coordenar as suas acções do ponto de vista da metodologia no campo da acção sociocultural, adaptada ao meio em que vivem as crianças e os jóvens saharauis. Sob o lema "imaginemos juntos o futuro", a UJSARIO apresentou aos participantes um documento sobre os objectivas desta iniciativa, que visa prevenir as influências negativas do exílio e do quadro de vida precária em que vive a juventude nos acampamentos.(SPS)

REFERENDO

15.04.04
Chirac na Argélia
A propósito do Sahara Ocidental, o chefe de Estado francês declarou de forma sibilina que a França não apoiará uma solução "de natureza capaz a colocar a menor dificuldade entre a França e Argélia".

20.04.04
Plano Baker
O ministro marroquino do Interior, Mustafa Sahel, acompanhado do coordenador do seu país junto da MINURSO, Hamid Chabbar, foram recebidos por James Baker, em Houston, no passado dia 2 de Abril.
O relatório do secretario-geral da ONU sobre o Sahara é aguardado para o dia 20 de Abril, uma vez que o mandato da MINURSO termina a 30. Recorde-se que, em Janeiro passado, o SG concluía assim o seu relatório S/2004/39: (...), ele (Baker) considera que o mandato da MINURSO deverá ser prorrogado até 30 de Abril de 2004 a fim de poder realizar novas consultas com Marrocos a respeito da resposta definitiva deste país ao plano de paz. Estou de acordo com esta posição e espero que o meu Enviado receba a resposta definitiva de Marrocos a mais tardar até fim de Abril de 2004. (...)

TERRITÓRIOS OCUPADOS

05.04.04
Expulsão
O jornalista independente norueguês Erik Hagen foi detido numa das ruas de El Aaiún, no Sahara Ocidental, pelas forças de segurança marroquinas e expulso sob escolta para a Mauritânia. Hagen pretendia encontrar-se com militantes dos direitos humanos e antigos presos políticos, entre os quais Sidi Mohamed Daddach. Durante um longo interrogatório pelo próprio comissário, o jornalista norueguês foi acusado de apoio à Frente Polisario. Erik Hagen ficou surpreendido com a quantidade e precisão de informação de que a polícia marroquina dispunha sobre a sua pessoa, das suas actividades na Noruega, bem como das suas intenções no território. Em entrevista à agência noticiosa norueguesa NTB, o jornalista expressa a convicção de que as pessoas com quem se pretendia avistar no Sahara viviam sob escutas telefónicas e que agentes da polícia marroquina o teriam espiado na Noruega. (NTB)
O governo da RASD denunciou este acto "arbitrário", que demonstra que "o estado de urgência e o bloqueio noticioso continuam a ser impostos pelo colonialismo marroquino no Sahara Ocidental, não obstante a presença da ONU no território" (SPS). A Associação "o Sahara Marroquino", conhecida pelo seu posicionamento a favor da anexação do Sahara Ocidental por Marrocos, condenou esta "enésima expulsão", afirmando que "tais actos prejudicam a nossa causa nacional". A ASM pergunta-se se existem "coisas comprometedoras que esconder à opinião internacional".

Património cultural
O antigo forte de Villa Cisneros, hoje cidade de Dakhla, vestígio histórico e arquitectónico do colonialismo espanhol, está ameaçado de ser destruído. As autoridades de ocupação marroquinas pretendem arrazá-lo. Os saharauis consideram que a construção faz parte do seu património histórico e exigem a intervenção da UNESCO para impedir a sua destruição.

MARROCOS

06.04.04
Desde os atentados de Madrid que o poder marroquino, apoiado pela imprensa oficial, pretende establecer ante a opinão pública ligações entre a Al Qaïda e a Frente Polisario. Partindo de certos factos comprovados, como a existência nos límites do Sahara e Sahel de grupos islâmicos armados, atribui à Frente Polisario a causa da doença de que padece, isto é, o surgimento do islamismo violento na sociedade marroquina.
O número 121 do semanário "Tel Quel" (Tal Qual) vai ainda mais longe. Da autoria do jornalista Amal Samie, pode ler-se: a ligação Al Qaïda - Polisario está definitivamente provada. O jornalista ataca em dois tempos: num primeiro momento, retomando a informação difundida pela imprensa oficial, "contactos entre os terroristas da Al Qaïda e a Frente Polisario", "florescente mercado de armas". Em segundo lugar, o periódico socorre-se de uma afirmação proferida por um universitário, professor de geopolítica na Sorbone, Aymeric Chauprade. Durante uma conferência em Genebra, no dia 30 de Março de 2004, este eminente professor afirmou que a Polisario "está em crise" e "cada vez mais submetido à influência do islamismo". Para Amal Samie, "a luta contra o terrorismo não pode ser branda; cada centímetro do território deve estar controlado no futuro, incluindo os acampamentos de Tinduf". A gota que transborda o copo. Um rumor ampliado, um académico universitário cumprindo ordens por ocasião de um conferência tirada da manga pelos serviços marroquinos, um periódico de reputação fraudulenta que prossegue o seu trabalho. Tudo junto com um único objectivo: lançar mensagens aos ocidentais e aos americanos, muito sensíveis ao tema do terrorismo! Depois de esgotados os temas dos prisioneros, do desvío da ajuda humanitária, das crianças deportadas para Cuba, surge o do terrorismo... (comunicado de AARASD em francês)

07.04.04
A Associação marroquina de Direitos Humanos (AMDH, independente), assegura que, em 2003, a luta antiterrorista provocou "graves retrocessos" em matéria de direitos humanos em Marrocos. No seu relatório anual de 2003, a AMDH afirma que os "retrocessos" consistem em "prisões entre os fundamentalistas acompanhadas de sequestros, torturas, processos judiciais indignos e pesadas penas que chegam até à pena capital". "Também se intensificou a repressão contra a imprensa, os jornalistas e os defensores dos direitos humanos ".(AFP)

08.04.04
A AMDH reclama para Marrocos uma "Constituição democrática" em que os poderes deixem de estar concentrados na pessoa do rei. Abdelhamid Amine, presidente da AMDH, declarou em entrevista ao semanário Assahifa: "exigimos uma Constituição democrática no fundo e na forma". Acrescentou aue a nova constituição "não deve incluir artígos como o actual artigo 19 (...) que outorga todo o poder apenas ao rei". O artigo 19 estipula em particular que o rei é o "dirigente dos crentes", "representante supremo da nação, símbolo da sua unidade, garante da perenidade e da continuidade do Estado", mas também "vigilante pelo respeito do Islão", protector dos "direitos e liberdades dos cidadãos ", "garante da independência da Nação". (AFP)

HOLANDA
Publicação da primeira obra em holandês sobre a questão do Sahara Ocidental: De laatste kolonie van Afrika, reizen door de Westelijke Sahara (A Última Colónia de África, viagens no Sahara Ocidental), de Nicolien Zuijdgeest, edições Bulaaq.
Durante a apresentação da obra, no passado dia 15 de Abril, no Instituto Tropical Real, em Amsterdão, foi projectada uma longa-metragem do cineasta argelino-holandês Karim Traïdia sobre os acampamentos de refugiados saharauis, a que se seguiu um debate com o tema "Sahara Ocidental, o maior tabú de Marrocos", em que participaram Ali Lmrabet, Paul de Waart, professor emérito de direito internacional, um representante da Frente Polisario e o próprio autor.

DIREITOS HUMANOS

60ª sessão da Comissão de Direitos Humanos, Genebra, 15 de Março - 26 de Abril de 2004

08.04.04
Resolução
Adopção sem votação da Resolução E/CN.4/2004/L.8 (
texto completo) e (Documento de Imprensa da ONU, 08.04.04)

11.04.04: Comunicado de AFAPREDESA (francês): Importante resolução adoptada pela Comissão da ONU defende direitos inalienáveis do povo saharaui.

11.04.04: Comunicado da União de Juristas Saharauis (UJS) (francês)

14.04.04
O relatório anual 2003 do Observatório para a protecção dos defensores dos direitos humanos,( FIDH & OMCT), publicado no dia 14 de Abril de 2004, põe em evidência o agravamento da situação dos defensores dos direitos humanos, resultante da intensificação da arbitrariedade e da erosão das liberdades fundamentais. >>
Presentación - >> Informe completo PDF (francês)

14.04.04
"A experiência da mulher saharaui", Conferência, Palácio das Nações, Genebra >> resumo em
francês

15.04.04
Conferência de imprensa com Mohamed Sidati no Palácio das Nações >> resumo em
francês

16.04.04
Genebra:
Manifestação em Genebra por ocasião da 60ª sessão da Comissão de Direitos Humanos da ONU

A União de Juristas Saharauis (UJS), a Associação de Familiares de Presos e Desaparecidos Saharauis (AFAPREDESA), a Coordenadora Europeia de Solidariedade com o povo saharaui (EUCOCO), a Oficina por el Respeto de Derechos Humanos en el Sáhara Occidental (BIRDHSO), a Liga pelos Direitos e a Liberdade dos Povos (LIDLIP) apelaram a que se realizasse uma acção simbólica em favor da "autodeterminação do povo saharaui e pela aplicação das resoluções da ONU".
Mais de 250 pessoas, saharauis dos acampamentos de refugiados e da diáspora assim como muitos dos seus amigos oriundos da Bélgica, França, Itália, Espanha e Suíça, concentraram-se na Praça das Nações com muitas bandeirolas, pancartas, imagens que reproduziam o muro da vergonha, etc. Após um discurso dos representantes das diversas ONGs e instituições presentes, os participantes fizeram um picnic na relva em ambiente fraterno e acolhedor.
Um grupo de marroquinos acompanhados por diversos transfugas saharauis, que tantaram abortar a manifestação, viu-se obrigado a abandonar o lugar por ordem da polícia de Genebra.
À tarde, os manifestantes participaram numa conferência onde foram feitas intervenções sobre a situação política e a situação dos direitos humanos no Sahara Ocidental. No final foi adoptada uma resolução, o "APPEL DE GENEVE" (só acessível em
francês).

Nota: Este ano 13 saharauis dos territórios ocupados, defensores dos direitos humanos, ex-prisioneiros políticos, parentes de desaparecidos saharauis, que haviam sido cvonvidados por várias ONGs de defesa dos direitos humanos a dar o seu testemunho ante a Comissão, não puderam, uma vez mais, abandonar Marrocos, e dirigir-se a Genebra, privados do direito à livre circulação pelas autoridades marroquinas.
Trata-se de: Taglaboute Maimouna: esposa do desaparecido Beih Oubarka; Kirraoian M'Barka Alina: mãe do desaparecido Kirraoian Said; Mohamed Daddach: antigo preso político, defensor dos direitos humanos; Khaya Cheikh: antigo preso político, defensor dos direitos humanos; Lakhfaouni Bachir: defensor dos direitos humanos; Noumri Brahim: defensor dos direitos humanos; Guarhi Brahim: defensor dos direitos humanos; Brahim Dahane: defensor dos direitos humanos; Sidi Mohamed Salem Zaidan: filho do desaparecido Hadia Mohamed M'Barek Zaidan ; Mohamed Mahmoud Moumen: filho do desaparecido Ahmed Babaih; Hammia Ahmed: filho do desaparecido Hamdi Oould Moussa; Oulad Cheikh Mahjoub: filho do desaparecido; Elqotb Hamma: mãe do desaparecido Elqotb Elhafed.

CULTURA

A ARTE CONTRA O ESQUECIMENTO Ahmed Mohammed Lamín, pintor, vive no acampamento de refugiados saharauis de Dajla. Com os seus quadros pintados com areia, luta contra o esquecimento a que procuram remeter o seu povo.

INTERNET

NOVAS PUBLICAÇÕES
[É possível que existam links com diversos jornais que deixem de estar em funcionamento ao fim de alguns dias]

Français

Les dépêches, articles, etc, sur Sahara-Info, liste de courrier (français et espagnol): http://es.groups.yahoo.com/group/sahara-info/messages

English

English publications on Sahara Update mailinglist: http://groups.yahoo.com/group/Sahara-update/messages

Castellano

Todos los despachos, articulos de prensa, etc, son acessible en Sahara-Info, lista de correo (castellano y francés): http://es.groups.yahoo.com/group/sahara-info/messages

NUEVOS LIBROS:
"El Oscuro Pasado del Desierto", José Ramón Diego Aguirre, Casa de Africa, Sial Ediciones, Madrid, 2004.

"El conflicto del Sahara Occidental, desde una perspectiva canaria", José Ignacio Algueró Cuervo, S. Sebastián de la Gomera, 06/2003.

"El conflicto del Sáhara", Fernando M. Mariño Menéndez, Ignacio Puentes Cobo, Instituto de Estudios Internacionales y Europeos "Francisco de Vitoria", Escuela de Guerra del Ejercito, coord., Getafe: Universidad Carlos III de Madrid, 09/2003, 100 p.

Italiano


[SOMARIO actualidades semanais ] [Western Sahara Homepage]