SAHARA OCIDENTAL

ACTUALIDADES SEMANAIS
original:frances

SEMANA 11

11.-17.03. 2001

10.03.01
El Ayoun, Youssoufi
Durante uma visita que realizou a El Ayoun por ocasião do Dia
Internacional da Mulher, o primeiro-ministro marroquino evocou o projecto de autonomia que Marrocos prepara para o Sahara na tentativa de responder às exigências da ONU. Precisou que pretende negociar um estatuto com os «nossos compatriotas de Tindouf», o que levou Aboubakr Jamai a reagir no Le Journal hebdomadaire: «Trata-se no fundo de uma redefinição da nação marroquina que se desenha sem que a elite política e intelectual do pais se erga contra esta confiscação de uma das mais inalienáveis prerrogativas do povo marroquino...».
Solicitado por um grupo de mulheres saharauis que lhe queriam apresentar os problemas de desemprego e de marginalização a que estão sujeitas, o primeiro-ministro Youssoufi recusou qualquer tipo de encontro.

14-16.03.01
El Ayoun, congresso sindical
A Confederação Democrática do Trabalho, central sindical marroquina próxima da USFP, o partido do primeiro ministro Youssoufi, realizou o seu 4.º Congresso em El Ayoun, capital do Sahara Ocidental ocupado. A generalidade das organizações estrangeiras convidadas, como a CGTP de Portugal ou as Comisiones Obreras (CC.OO) de Espanha, recusaram fazer-se representar. Segundo um correspondente no local, o congresso decorreu sob uma impressionante vigilância policial, tendo sido descobertas bandeiras da Frente Polisario próximo do local onde decorreram os trabalhos. O governo colocou à disposição dos organizadores importantes meios logísticos, com os participantes a serem transportados em aviões militares. No discurso que proferiu o secretário-geral Amaoui criticou com veemência o deputado à assembleia municipal de El Ayoun, Khalihenna ould Rachid, e as suas iniciativas em favor de uma autonomia para o Sahara (ver
semana 10).
O significado da realização em El Ayoun deste congresso foi sublinhado por vários oradores como «testemunho do apego dos marroquinos à sua unidade e integridade territorial», com a cidade de El Ayoun a ser qualificada como "símbolo da unidade nacional".
As afirmações discriminatórias de Amaoui, qualificando os Saharauis de «guardadores de cabras e de camelos», provocaram vivas reacções entre os trabalhadores saharauis presentes, que abandonaram o congresso. Os protestos amplificaram-se e várias petições circularam entre os participantes ao congresso, os notáveis e a sociedade civil saharaui. Esses abaixo assinados recolheram centenas de assinaturas que denunciavam a provocação e o desprezo e exigiam pedidos de desculpa por parte de Amaoui e do governo, representado pelo primeiro-ministro Youssoufi. (
corr., SPS)

14.03.01
Exportação de armas para Marrocos
A comissão parlamentar britânica de inquérito à autorização de exportação de armas para Marrocos destinadas ao Sahara Ocidental, publicou o seu relatório. Nele constata que o governo enganou o Parlamento e que deveria ter-se recusado a enviar armas para esta zona em conflito. (
semana 10, press release WSC UK)
Enquanto isso, a agência noticiosa AVN (Moscovo) anunciava que Marrocos assinara com a Belarus um contrato para a compra de 48 tanques T-72. A França, por seu lado, no quadro da sua tradicional cooperação militar com Marrocos, acaba de autorizar o fornecimento a Marrocos do sofisticado Janus, simulador ultramoderno para a aprendizagem de tácticas de guerra.
No terreno, segundo informa a SPS, um responsável militar saharaui declarou que o exército marroquino iniciou há já algumas semanas preparativos de carácter ofensivo ao longo do muro de defeso no Sahara Ocidental.

14.03.01
Espanha, geminações
O governo espanhol instou três municípios da região autónoma de Madrid a anular os acordos de geminação com povoados saharauis, argumentando que a Espanha não reconhecia a RASD.
Ao longo dos anos, mais de 250 localidades espanholas firmaram protocolos de geminação ou acordos de cooperação com comunidades (daïra) dos campos de refugiados saharauis.
O Intergrupo do Parlamento europeu "Paz para o Povo Saharaui" reagiu com veemência a esta atitude do governo espanhol e exprimiu a sua indignação numa declaração enviada aos media espanhóis. Apelou às cidades geminadas doutros países a manifestarem o seu protesto junto do governo espanhol.
Uma deputada interpelou o ministro do Interior nas Cortes espanholas, e a Liga espanhola Pro Derechos Humanos protestou em comunicado divulgado à Comunicação Social.
A Plataforma Pro Referendum Libre en el Sahara Occidental e a Asociacion Amigos del Pueblo Saharaui de Madrid convocaram uma manifestação para Sábado 17 de Março, reclamando a demissão do responsável pela decisão.
Enquanto isso, por ocasião de uma estadia nos acampamentos, presidentes de sete autarquias da província de Granada tornam pública a ratificação das geminações que os seus municípios realizaram com as comunidades saharauis: Tichla com Iznalloz, Zoug com Maracena, La Guera com Guadix, Chederia com Salar, Bir Lehlou com Benalua de la Villas, Gleibat el Foula com Guadahortuna e Mahbès com Villanueva.

14.03.01
Marrocos, direitos humanos
Famílias dos desaparecidos e vítimas de desaparecimento forçado decidiram convocar uma greve de fome nos dias 23 e 24 de Março (sexta-feira e sábado) na sede da O.A.D.P em Casablanca. As suas principais reivindicações &emdash; a libertação dos detidos ainda com vida e a restituição dos corpos dos mortos às suas famílias &emdash; não foram ainda atendidas pelas autoridades.

15.03.01
Territórios ocupados, minas
Um homem encontrou a morte e dois outros ficaram gravemente feridos quando a sua viatura fez rebentar uma mina perto de "Erbeib Bellaw" nas cercanias de Smara. Estas pessoas viviam como nómadas não longe do muro de defesa numa zona que havia sido declarada segura pelas autoridades marroquinas. (
SPS)

15.03.01
Greve da fome
Salek Mahmoud Bahaha, cidadão saharaui que desde o fim de Setembro de 2000 cumpre uma pena de quatro anos de prisão em Marraqueche, acusado de atentado contra a segurança do Estado por ter procurado juntar-se à Frente Polisario, (
semana 40 e semana 41) iniciou há uma semana uma greve da fome por tempo ilimitado. Com esta atitude protesta contra as condições de detenção a que está sujeito, pede a revisão do seu processo por vício de forma e o seu retorno à prisão de Inzegan, onde estão encacerados os seus três compatriotas Najem Laghzal, Khaya Cheikh e El-Arbi Messaoud, condenados igualmente a 4 anos de prisão. Segundo a SPS o seu estado de saúde é precário. Bahaha havia já efectuado uma greve da fome em Novembro passado. (semana 46)

INTERNET

EM BREVE

NOVAS PUBLICAÇÕES
[É possível que existam links com diversos jornais que deixem de estar em funcionamento ao fim de alguns dias]

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La République sahraouie, Mohamed-Fadel ould Ismaïl ould Es-Sweyih

Ed. L'Harmattan, Paris, février 2001, 227 p., FF 120.-

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