SAHARA OCIDENTAL

ACTUALIDADES SEMANAIS
original:frances

SEMANA 01

01.-06.01. 2001

 

Rallye Paris-Dakar

À partida de Paris, os organizadores reafirmam que mantêm o percurso que haviam previsto para a prova. A Frente Polisario, por seu lado, reafirma a sua determinação: "As autoridades saharauis consideram-se libertas de todo e qualquer compromisso em relação à trégua em vigor, e retomarão em consequência as actividades militares no quadro do exercício do direito à legítima defesa se a fronteira entre a República Árabe Saharaui e Marrocos for atravessada pelo Rallye." (01.01.01., Ould Salek, ministro dos Negócios Estrangeiros saharaui).
O embaixador saharaui em Argel, declara a 3 de Janeiro, numa entrevista que concede a um órgão de comunicação social argelino que, "no passado, o rallye realizava-se após consulta entre os organizadores e as autoridades saharauis. Nós sempre os aconselhámos a evitar o território, pois ninguém pode garantir a sua segurança nesta zona. Mas, desta vez, eles não nos consultaram previamente... ", acrescentando que "a Frente Polisario nunca teceu ameaças contra os participantes". "Dissemos claramente que se tratava de uma operação congeminada pela parte marroquina que quer pôr-nos perante um facto consumado, pretendendo com isso obter a legitimação da sua presença no Sahara Ocidental. A nossa reacção é, pois, de legítima defesa e a resposta será dada contra as forças marroquinas se o trajecto do rallye não for modificado.(...) Tenho a informar que, no actual momento, todas as nossas forças estão mobilizadas em todo o território nacional saharaui. O Exército de Libertação do povo saharaui está pronto. Ele apenas espera as nossas ordens." (
Le Matin, Argel)
O director de relações exteriores da prova, Roger Kalmanovitz, afirma: "Avistei-me com as pessoas adequadas que me garantiram que o rallye, e em particular os seus participantes, não estão de modo nenhum ameaçados na sua segurança física". Acrescenta que os organizadores do Paris-Dakar conhecem a situação que prevalece no Sahara Ocidental: Após os acordos da ONU, "há uma zona controlada pelos marroquinos, uma zona controlada pela Polisario e há também a Mauritânia". Os participantes atravessarão "o muro de entrada na Mauritânia pela Mauritânia, não sobre o território controlado pela Polisario". Os organizadores do Paris-Dakar estão "em colisão com a ONU, que está sobre o terreno há vários anos" e que "é o garante do cessar-fogo, o garante de todos as movimentações que ocorrem nesta zona". (03.01.01, La Tribune, Argel)

Manifestações
Várias dezenas de manifestantes retardaram a partida da prova em Castellon, Espanha, protestando contra o atravessamento do Sahara Ocidental pela prova, que Marrocos utiliza para legitimar a sua ocupação do território. Os manifestantes empunhavam cartazes e bandeiras em todo o percurso da prova desta etapa, que decorreu na praia de Castellon.
Uma outra manifestação teve lugar à chegada do rallye a Almeria. (
03.01.01, SPS, imprensa espanhola)

Mohamed Abdelaziz: "Dissemos de forma solene em tempo útil, que atacaremos forte, pois se se tratasse realmente de uma manifestação desportiva, os seus organizadores não se teriam mostrado tão arrogantes e evidenciado tanto desprezo pela nossa causa", declara o presidente saharaui em entrevista a um diário argelino. Colocado perante a questão de já anteriormente o rallye ter passado pelo Sahara Ocidental durante o período de cessar-fogo, o presidente saharaui reconheceu mas lembrou o contexto da época: "O referendo previsto pela ONU estava assegurado, e os organizadores do rallye, mais correctos na época, vieram aqui discutir connosco, solicitar o nosso acordo e definir o itinerário. Desta vez, eles decidiram fiar-se apenas nas garantias marroquinas." Este ano, os responsáveis do Paris-Dakar informaram tardiamente os dirigentes saharauis da passagem do rallye, precisando que o faziam a pedido da MINURSO e do ministério dos Negócios Estrangeiros francês. (04.01.00, El Watan, Argel)

ONU: O representante especial do SG da ONU no Sahara Ocidental, William Eagleton, informou durante um encontro que teve com o coordenador saharaui com a MINURSO, M'Hamed Khaddad, que "não houve coordenação nem consulta por parte dos organizadores do rallye com a MINURSO", e que esta "não lhes havia dado qualquer garantia" quanto à segurança dos concorrentes. (05.01.01, SPS)

Em declaração publicada em El Ayoun e em Nova Iorque, Eagleton exprime a sua inquietação quanto às declarações da Frente Polisario, que considera a passagem do rallye como uma ruptura do cessar-fogo. Para William Eagleton o atravessamento do Sahara Ocidental pela prova não constitui de forma nenhuma um reconhecimento da soberania de uma ou de outra parte sobre o território, cujo estatuto deve ainda ser determinado. (05.01.01, ONU)

França: Um porta-voz do Quai d'Orsay declara que a França segue a situação com extrema atenção, acrescentando que os organizadores do rallye mantêm-se atentos ao contexto político e militar na região. (05.01.01, AFP)

Roger Kalmanovitz, director de relações externas da prova, anuncia que "uma neutralização poderá ser decidida como forma de apaziguamento. Seguindo o percurso normal, mas sem que haja corrida, sem classificação e sem imagens de televisão." (05.01.01, AFP)

A MINURSO reforçou as suas patrulhas de observação no Sahara Ocidental à medida que se aproximava o dia 7 de Janeiro, segundo declarações do comandante das forças militares onusianas em El Ayoun, Claude Buze. "Estamos a procurar também que não haja presença militar das duas partes (Marrocos e FP) na zona tampão de 35 km", acrescentou. (05.01.01, AFP)

Territórios ocupados: estado de alerta
Segundo os observadores no terreno o dispositivo policial foi consideravelmente reforçado em todas as estradas que irradiam das cidades do Sahara Ocidental, tendo sido montagens barragens com polícias, forças de segurança e militares. No interior das localidades ocupadas, militares com capacetes brancos patrulham por todo o lado e várias rusgas foram feitas a casas de cidadãos saharauis. (
corr. 05.01.01)

Territórios ocupados: repressão
Um grupo de desempregados saharauis manifestou-se diante da câmara municipal de El Ayoun protestando contra a contratação de trabalhadores vindos de Marrocos pela Companhia Fos Boucraa (fosfatos). Na sequência da intervenção das forças da ordem, 16 pessoas (19 segundo uma outra fonte) foram detidas e torturadas na esquadra de polícia, entre outros por Hariz el Aarbi, torcionário conhecido.(
corr., SPS, Comunicado BDH, 06.01.01)

06.01.01
"A Frente Polisario lança um novo apelo urgente aos organizadores e concorrentes, assim como às suas famílias, para que evitem aventurar-se nas zonas do Sahara Ocidental ocupadas por Marrocos, devido aos riscos que correm a sua segurança e a sua vida", afirma o representante do movimento saharaui em França, Sadafa Bahia. "Marrocos e os organizadores do Rallye, e todos aqueles que encorajam esta aventura, assumirão as consequências do que puder acontecer. O desporto não deve caucionar o "direito" à força", acrescenta.
Algumas horas mais tarde, Hubert Auriol, director da prova anuncia em Goulimine que a sétima etapa do rallye-raid Paris Dakar, entre Goulimine (Marrocos) e Smara (Sahara Ocidental), terá lugar como previsto. (
agências)

06.01.01
Violação do cessar-fogo
O ministério saharaui da Defesa anuncia, em carta dirigida ao comandante militar da MINURSO, o belga Claude Buze, que um destacamento de intervenção rápida das forças armadas marroquinas saiu do muro de defesa numa distância de 5 quilómetros em direcção à zona de Uein Terguet (onde o rallye deverá abandonar o Sahara Ocidental em direcção à Mauritânia).

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